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quinta-feira, 30 de junho de 2011

É uma pena (ou sobre o fim das ilusões)

Eu sei que muita gente há de querer me crucificar por causa de minhas palavras. Tudo bem. Afinal, quem escreve para muitos, como é o meu caso, tem que estar pronto para isso. Então vamos lá.
Se nós vivêssemos num sistema político/econômico diferente do que temos e se nossos representantes políticos fossem um pouquinho mais confiáveis, a divisão territorial do Pará seria o maior projeto de desenvolvimento de um povo. Mas não é isso que acontece.
Teoricamente é perfeito: Estados pequenos são mais fáceis de ser administrados.
O problema é que nós vivemos num País concentrador, onde uma elite detém quase toda a riqueza, enquanto aqueles que se espremem na base da pirâmide social são proibidos de serem donos de qualquer coisa.
Nós, deste rincão esquecido pelo governo do Estado, criticamos que todo o investimento fica concentrado na zona metropolitana.
É verdade: lá eles têm mais hospitais e mais médicos.
Então o que explica o fato de tantas pessoas morrerem na fila dos hospitais sem conseguir atendimento, lá na Belém-Maravilha?
Saiba: aqui como lá, a riqueza está nas mãos de poucos e simplesmente lutar para dividir o Estado não vai fazer com que esses poucos fiquem bonzinhos da noite para o dia e resolvam socializar aquilo que deveria ser nosso de direito.
É uma pena.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Sim, se pode!

Ser campeão é uma coisa difícil porque, no fim das contas, só é um time que chega lá.
Os dirigentes do Independente, de Tucuruí, estão de parabéns não apenas pelo fato de terem sido campeões, mas principalmente porque souberam formar uma equipe que tinha condições de brigar pelo título.
Acho que a grande questão é essa.
E o que a torcida do Águia de Marabá esperava de seus dirigentes era exatamente isso também.
Esperava-se que o Águia formasse um elenco que tivesse condições de tentar ser campeão. Mas isso não aconteceu.
O torcedor não quer que o Águia seja campeão paraense todo ano (nem os torcedores de Paysandu e Remo têm o direito de cobrar isso).
O que o torcedor quer é um time competitivo. Só isso.
O que sobrou no Independente faltou no Águia: profissionalismo.
Nossos quase vizinhos de Tucuruí souberam contratar sem muita gastança, colocando as peças certinhas para cada setor.
Já o Águia sempre tem encontrado dificuldades para compor seu elenco. Há informações até de jogadores contratados para atender favores de dirigentes da Federação Paraense de Futebol.
Nossos dirigentes conseguiram esnobar o Leandro Cearense, que foi o artilheiro do campeonato.
É bom que se diga, nem sempre toda uma organização vai resultar num título, mas sempre dará alguns frutos e ser campeão de vez em quando é um deles.

O trânsito nosso de cada dia

As faixas de pedestres apagadas, os semáforos quebrados constantemente e outros probleminhas comuns no trânsito de Marabá têm uma razão especial de ser: a prefeitura estaria com dificuldades para pagar a empresa que cuida desses serviços.
Quem paga o pato é contribuinte.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Já foram tarde (venda nos olhos)

Escrotos, voltaram para o lugar donde vieram.
Foram embora bem na hora.
E já se foram tarde.
Nenhum de nós há de sentir sua falta.
Muito menos nós, os ilhados.
Agora sim.
Tenho o direito de ir e vir.
Agora sim.
Tenho uma rodovia inteira pela frente, toda liberada...
Posso embarcar no meu ônibus lotado e suado.
E ganhar o meu pão miserável.
Posso ir ao trabalho e ser demitido.
Posso ir ao médico e passar oito horas na fila de espera.
Posso fazer minhas compras tranquilo.
Posso pagar cinco reais num quilo de tomate.
Posso xingar-lhes sem ganhar uma porretada na cabeça.
Posso.
Posso ir, vir, voltar, pular, rodear, passar direto, fazer voltas.
Enfim, posso curtir minha miséria.
A miséria que não é só minha.
É também dos infelizes que levaram suas barracas para longe daqui.
Mas pelo menos...
Pelo menos eles foram embora.
Já foram tarde, esses brigões, esses valentões.
Esses aí que acham que têm o direito de existir.
Que acham que têm o direito de ir e vir.
Já foram tarde.
Já foram...
Tarde.
É tarde.
Nunca é tarde.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

O pacto

Não foi uma e nem duas vezes que representantes de entidades em Marabá denunciaram a insubordinação de alguns secretários municipais em relação às ordens do prefeito Maurino Magalhães.
Interessante é que essas reclamações são direcionadas a secretários que já estavam no cargo desde a época em que Tião Miranda era prefeito.
Já houve caso em que um secretário simplesmente rasgou um ofício assinado por Maurino (determinando realização de obras), jogou o papel no lixo e mandou os contribuintes irem se queixar para o próprio gestor.
Dizem por aí que isso tudo tem uma explicação... bem lá atrás... mais especificamente em 2005.
Naquela época, o então prefeito Tião Miranda foi cassado e Maurino Magalhães (que era presidente da Câmara) assumiu a prefeitura e nela ficou durante cinco meses e alguns dias.
Nesse período, ele conseguiu angariar a “simpatia” de muitos secretários que já tinham determinado “status” na prefeitura e que foram mantidos no poder depois que Maurino foi eleito prefeito, em 2008.
Agora, o gestor parece não ter poder sobre tais secretários. Eles conseguem ser mais reais que a realeza.
É isso. Essa é nossa Marabá, “terra bendita”, “relicária” e “graciosa”.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Advogado da CPT não será mais preso

A 3ª Turma do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, com sede em Brasília, reformou hoje (20) a decisão da Justiça Federal em Marabá, que havia condenado o advogado José Batista Gonçalves Afonso a dois anos e cinco meses de prisão. Pela nova decisão, o advogado, que coordena a Comissão Pastoral da Terra (CPT), não será mais preso.
O interessante é que na decisão (que analisava recursos dos advogados de Batista), ele voltou a ser condenado, mas para uma pena menor: um ano e 11 meses. Como se trata de uma condenação menor de dois anos, para esse tipo de crime, a pena prescreve mais rápido.
Não é uma decisão fácil de entender para a maioria da população, mas na prática, significa que Batista não será preso. Mas, para isso, os advogados dele terão que entrarão com Agravo de Declaração, para provocar o Tribunal Regional a declarar a prescrição.
Batista foi condenado por ter sido apontado pelo culpado da ocupação da sede da Superintendência Regional do Incra em Marabá, por membros do MST, em 1998. Na época, Batista ainda não era advogado, mas já prestava assessoria aos movimentos sociais.
Nos últimos 30 dias que antecederam o julgamento do recurso de Batista, diversas foram as manifestações em favor do advogado por parte de várias entidades que lutam pelos direitos humanos. O caso chegou a ser levado até mesmo ao conhecimento da Organização das Nações Unidas (ONU).
Por telefone, Batista me disse que, para ele, essa decisão foi importante porque lhe garantiu o direito à liberdade, que lhe possibilita continuar militando em favor das minorias.

Caixa 2 "babou"... de novo

Em virtude da viagem da juíza Cláudia Favacho Moura, acabou não acontecendo a audiência do processo que investiga possível Caixa 2 contra o prefeito Maurino Magalhães, que estava agendada para hoje, dia 20.
Uma nova data será marcada.
Não é a primeira vez que a audiência é adiada.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Fecha a conta e passa a régua

O clima nunca esteve tão pesado dentro do PT de Marabá como agora. As tendências internas do partido, que não se cheiram nem mesmo em tempos de paz, estão pra lá de divididas.
Tudo porque os manda-chuvas do PT em Marabá já bateram o martelo: vão apoiar a reeleição do prefeito Maurino Magalhães.
Alguém tem aí uma mãozinha de terra pra jogar no túmulo do PT de Marabá?
O caixão já desceu à sepultura.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Descomplicou (por enquanto)

A companheirada desocupou a pista da Rodovia Transamazônica.
Os líderes do movimento pararam para reavaliar a forma de protesto.
Mas nada impede que a pista seja novamente bloqueada a qualquer momento.

Complicou!

O que a população de Marabá mais temia aconteceu. Os sem-terra acampados nos arredores do Incra interditaram a Rodovia Transamazônica nas proximidades da ponte do Rio Itacaiúnas, no lado da Cidade Nova, e prejudicaram sobremaneira o trânsito.
Líderes do movimento afirmam que já pretendiam mesmo radicalizar depois do fiasco que foi a reunião com o presidente do Incra na terça-feira. Mas a situação se agravou ainda mais depois que uma integrante do MST foi atropelada e morta na faixa de pedestres bem em frente ao acampamento dos sem-terra na noite de ontem.
É isso.

terça-feira, 14 de junho de 2011

Adeus a Velcino

Marabá amanheceu mais triste hoje (14). Faleceu vítima de Acidente Vascular Cerebral (AVC), ou simplesmente derrame, o servidor público municipal Velcino Albino de Farias. Ele tinha apenas 51 anos de idade e era pessoa muito benquista em Marabá. Velório acontece na Câmara Municipal de Marabá.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

É sério, viu!

O prefeito Maurino Magalhães estará em Brasília (DF) amanhã para receber mais um prêmio. Desta vez, a comenda será outorgada pelo Congresso Nacional, segundo ele.
Maurino recebe o prêmio porque Marabá está na seleta lista dos 100 municípios mais organizados do País. É sério!
Foi ele mesmo quem falou.
É isso aí: é o povo “gUvernando”.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Bateram em jornalistas (isso eu não aceito)

Houve um tempo em que a Imprensa local batia demais nos chamados movimentos sociais, tendo como alvo predileto o MST, obviamente por conta de sua ação mais acentuada.
Agora não.
O nível de politização dos jornalistas e, principalmente, do dono de jornais alcançou um patamar mais elevado.
Somos capazes de compreender as razões que cercam as manifestações; as injustiças por que passam as minorias; e a necessidade de ações incisivas como forma de demarcar território.
Pena que, do lado dos movimentos, ao que parece, houve um retrocesso.
Muitos dos antigos líderes acabaram se deixando seduzir por um governo que era tido como de esquerda, mas que, de esquerda, não tem nada.
Sobraram muito boas lideranças ainda, mas misturadas a elas existem indivíduos que simplesmente não têm capacidade de compreender o papel que deveriam desempenhar.
Esta semana, dois colegas jornalistas foram agredidos e ameaçados por esses falsos líderes.
Não existe uma palavra forte o bastante para descrever uma atitude tão irracional como esta.
É isso: irracional. Achei a palavra.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Camponeses bloqueiam ponte em Marabá

Camponeses que integram movimentos sociais como MST, Fetagri e Fetraf, que estão acampados nos arredores da Superintendência Regional do Incra em Marabá, resolveram radicalizar nesta manhã (9). Um pouco antes das 7h, cerca de 500 manifestantes, munidos de bandeiras, pedaços de pau e vergalhões, fizeram um bloqueio numa das cabeceiras da ponte do Rio Itacaiúnas e paralisaram o trânsito.
Os líderes do movimento não disseram ainda quanto tempo pretendem ficar na ponte, que liga o Núcleo Cidade Nova à Nova Marabá e à Marabá Pioneira. Somente com a chegada da Polícia Militar foi que os manifestantes desobstruíram uma das pistas da Rodovia Transamazônica. Mas o trânsito continua lento. Eles estão acampados há quase um mês nas imediações do Incra para protestar contra a falta de recursos destinados aos assentamentos e também pela desapropriação de diversas áreas ocupadas por famílias de sem-terra na região sudeste do Pará.
No final da tarde de ontem (8), uma comissão dos sem-terra entregou pauta de reivindicação ao superintendente regional do Incra, Luís Bonetti. Na ocasião, também houve protesto e dois jornalistas chegaram a ser agredidos por supostos líderes do movimento.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Violência...

É muito fácil invadir agências bancárias em cidades pequenas do interior do Pará.
Não existe segurança capaz de fazer frente a ação dos marginais.
Nalgumas cidades, o número de policiais não chega a 10. Imagine: 10 homens mal armados para defender uma cidade inteirinha...
Embora eu ainda não seja um ferrenho defensor da divisão territorial, quando me deparo com tamanha violência exposta na cara de nosso povo (na minha cara), minha indignação aumenta, assim como cresce a minha consciência de que o nosso “Estado” está cada vez mais longe da periferia.
Criticam a região por ser violenta, mas não veem os críticos que esta violência é fruto do descaso, da orfandade que assola uma região tão rica, tão sugada como a nossa.
As críticas que nos fazem partem exatamente daqueles que deveriam zelar por esta região.
Afinal, o que é violência? Ou qual a pior das violências? Ter uma arma apontada para sua cabeça? Ou não ter hospitais e nem escolas para nossas crianças?

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Querem prender o Batista - É brincadeira!

Enquanto os assassinos dos ambientalistas José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo continuam livres e sequer foram identificados, o advogado José Batista Gonçalves Afonso, um dos mais ferrenhos defensores dos direitos humanos no Pará, corre o risco de parar atrás das grades.
É um paradoxo, mas é verdade. Batista, que é coordenador da Comissão Pastoral da Terra (CPT), na Diocese de Marabá, e que neste momento presta assistência à família dos ambientalistas assassinados em Nova Ipixuna, enfrenta uma ação na Justiça Federal e seu recurso será julgado no próximo dia 20.
Em primeira instância, Batista já foi condenado a dois anos e cinco meses de prisão, porque em 1998 estava assessorando o MST e a Fetagri num processo de negociação com o Incra, que culminou em um impasse em que alguns servidores do instituto tiveram seu direito de ir e vir cerceado durante algumas horas, por milhares de trabalhadores rurais que ali estavam acampados.
Vendo a possibilidade clara de o defensor dos direitos humanos ir para a cadeia, a Diocese de Marabá e diversas outras entidades estão redigindo manifestos para entregar aos desembargadores federais Carlos Olavo e Tourinho Neto, que analisam o recurso no próximo dia 20.
O que mais tem indignado as entidades ligadas aos direitos humanos é o fato de que o juízo da 1ª instância não aceitou que Batista cumprisse uma pena alternativa, o que é previsto em lei nesses casos.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Foi preciso derramar sangue

Uma semana depois da morte dos ambientalistas José Cláudio e Maria do Espírito Santo, o Ibama resolveu fiscalizar madeireiras em Nova Ipixuna (onde o crime aconteceu) e já aplicou R$ 752,3 mil em multas e embargou cinco madeireiras.
O interessante é que “Seu José Cláudio” e “Dona Maria” passaram a vida toda denunciando o desmatamento ilegal na área e, provavelmente, foram mortos por isso. Foi preciso que eles morressem para que o governo tomasse uma providência.
Antes tarde do que nunca, mas não deveria ser assim.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

A incoerência personificada



Dizem por aí que as mentiras são um apaziguador social e que a vida seria um inferno sem elas. Dizem também que nós ouvimos e falamos cerca de 20 mentiras por dia.
Em parte, eu até concordo com essas teorias. Às vezes nos recusamos a dizer o que, de fato, pensamos sobre algumas pessoas para não magoá-las. Isso é – digamos – normal.
Mas se tem uma coisa que eu não suporto são as mentiras que nos tentam empurrar de goela abaixo.
Como quando alguém tenta massificar uma mentira, contando-a várias vezes até que seja aceita como verdade.
O que o prefeito Maurino Magalhães tem feito em relação à merenda escolar é simplesmente vergonhoso.
Ele reestatizou mais de 80% da merenda escolar (que ele insiste em chamar de refeição) e ainda tem o desplante de dizer que a empresa que terceirizou o serviço (EB Alimentos) vinha fazendo um bom serviço.
Se isso é verdade, então por que Maurino retomou o controle da merenda?
Isso quer dizer o quê? Que o prefeito não gosta do que dá certo? É esta a explicação?
Se é assim, estamos todos lascados.
Sabe o que mais me assombra? A incoerência; a falta de relação entre os fatos que ocorrem em Marabá e as idéias que se passam na cabeça de Maurino.
Uma pena.

Hidrelétricas: Marabá que se cuide!

As hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio (RO) já saíram do papel, da mesma forma que Estreito (MA) e Belo Monte (PA) estão saindo também. Por isso, não é exagero dizer que o projeto de Aproveitamento Hidrelétrico de Marabá (AHM) em breve também será uma realidade.
Nada contra o progresso, mas os custos têm sido muito altos, principalmente para os indígenas e ribeirinhos, destituídos de seus lares sem compensações que valham a pena. Essa discussão, noutras partes do Brasil, já está bem mais viva do que se pensa. Em Marabá, ainda tem muita gente dormindo.